Morre aos 75 anos o aclamado primatólogo Frans de Wall
O primatólogo Frans de Waal, cujo estudo dos chimpanzés e dos símios ajudou a revelar a natureza conciliadora e empática dos primatas, incluindo os humanos, morreu aos 75 anos, informou a Universidade Emory (Estados Unidos), onde trabalhou por décadas.
De Waal, que recebeu múltiplos prêmios ao longo de sua extensa carreira, morreu devido a um câncer de estômago em 14 de março, conforme a Universidade Emory em um comunicado.
O cientista nascido nos Países Baixos escreveu vários livros impactantes. Em 2007, foi incluído na lista da revista Time das 100 pessoas mais influentes do mundo.
Ele passou décadas estudando chimpanzés e símios, e sua pesquisa biológica finalmente ajudou a desacreditar a teoria de que os primatas, incluindo os humanos, eram por natureza competitivos, "desagradáveis" e agressivos.
"De Waal desarticulou ideias arraigadas sobre o que significa ser um animal e um ser humano", disse o comunicado da universidade sediada em Atlanta, no estado da Geórgia.
Ele demonstrou as raízes da natureza humana em nossos parentes vivos mais próximos por meio de seus estudos sobre resolução de conflitos, reconciliação, cooperação, empatia, justiça, moralidade, aprendizado social e cultura em chimpanzés, bonobos e macacos-prego", observou.
Lynne Nygaard, presidente do Departamento de Psicologia da Emory, lembrou De Waal como "um pensador extraordinariamente profundo" que poderia oferecer "perspectivas que transcendem todas as disciplinas".
"É difícil resumir a enorme extensão de Frans de Waal, tanto globalmente quanto aqui na Emory", destacou o comunicado.
De Waal escreveu livros aclamados pela crítica que ajudaram a explicar sua pesquisa para um público mais amplo, incluindo 'Our Inner Ape: The Best And Worst Of Human Nature', entre outros.
"Eu aproximei um pouco os símios dos humanos, mas também reduzi um pouco os humanos", afirmou, conforme lembrado pela Emory.
O cientista foi um palestrante prolífico, e suas palestras TED foram vistas milhões de vezes, incluindo uma de 2011 na qual ele mostrou o espírito de "reconciliação" próprio dos chimpanzés, a empatia e reciprocidade dos macacos que compartilhavam comida, e comparou esse comportamento social com o de seus primos humanos.
"A humanidade é na verdade muito mais cooperativa e empática do que se pensa", disse na palestra.
De Waal ganhou o prêmio E.O. Wilson em 2020 e, em 2021, o IgNobel, que recompensa aqueles que fazem as pessoas rirem e pensarem.
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