

Fenômenos climáticos extremos deixaram 'profunda pegada' na América Latina em 2024 (OMM)
A região da América Latina e do Caribe enfrentou em 2024 furacões excepcionais, secas extenuantes e inundações mortais que deixaram uma "profunda pegada" social, afirmou a Organização Meteorológica Mundial (OMM) em um relatório publicado nesta quinta-feira (28).
O relatório "Estado do clima na América Latina e no Caribe 2024" ressalta que o cenário de fenômenos meteorológicos extremos se agravou pelos altos preços dos alimentos, pela pobreza, pela desigualdade e "pelos crescentes níveis de fome, instabilidade política e insegurança sanitária e alimentar".
No entanto, destaca que há sinais de esperança, já que os alertas antecipados dos serviços meteorológicos e hidrológicos dos diferentes países estão "salvando vidas".
"Geleiras diminuindo, furacões excepcionais, incêndios florestais sem precedentes, secas extenuantes e cheias mortais deixaram uma profunda pegada no tecido sócio-econômico", afirma o relatório apresentado em uma reunião regional da OMM em El Salvador.
Em 2024, os efeitos dos fenômenos meteorológicos e climáticos "se estenderam em cadeia dos Andes até a Amazônia, de cidades atestadas até comunidades costeiras, causando importantes perturbações econômicas e ambientais", disse a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, citada em um comunicado.
"A seca e o calor extremo desencadearam devastadores incêndios florestais. As precipitações excepcionais provocaram inundações sem precedentes, e se formou o furacão de categoria 5 [máxima] mais precoce já registrado", acrescentou Saulo.
- Aquecimento -
O relatório da agência da ONU destaca que em 2024 "houve recordes de furacões, cheias, secas e incêndios florestais", e a temperatura média na região ficou 0,9 graus Celsius acima da média do período 1991-2020.
"Foi o ano mais quente já registrado na América Central e Caribe, e o ano mais quente ou o segundo ano mais quente do qual se tem notícia no México e América do Sul", disse o relatório.
O aquecimento, os oceanos e o derretimento das geleiras e camadas de gelo estão acelerando o aumento do nível do mar, o que "aumenta a vulnerabilidade das comunidades costeiras e das nações insulares de baixa altitude do Caribe" ante ciclones tropicais, acrescenta.
- Incêndios na Amazônia e Chile -
O relatório menciona a "seca generalizada" que castigou a Amazônia e o Pantanal, com chuvas "entre 30% e 40% inferiores ao normal". "O rio Negro, em Manaus, atingiu um mínimo histórico, e o rio Paraguai, em Assunção, registrou seu nível mais baixo em 60 anos".
As secas e ondas extremas de calor avivaram incêndios florestais na Amazônia e no Pantanal, assim como no Chile, México e Belize.
"No Chile, os incêndios causaram mais de 130 vítimas mortais e se tornaram o pior desastre sofrido pelo país desde o terremoto de 2010", destaca o estudo.
Contudo, no Rio Grande do Sul, fortes chuvas causaram inundações que deixaram perdas milionárias na agricultura "e se tornaram o pior desastre da natureza climática do Brasil", com "mais de 180 vítimas mortais".
- Venezuela, país sem geleiras -
As geleiras "foram as vítimas mais evidentes do aumento das temperaturas", aponta o relatório, o que ameaça "o abastecimento de água a longo prazo".
Destaca que a Venezuela perdeu a geleira Humboldt nos Andes, passando a ser "o segundo país do mundo a perder todas suas geleiras", depois da Eslovênia.
Além disso, "foram declaradas extintas em 2024" as geleiras Conejeras de la Sierra Nevada da Colômbia e Martial Sur na porção argentina da ilha da Terra do Fogo.
O relatório alerta que 5.500 geleiras andinas "perderam 25% de sua cobertura de gelo desde o final do século XIX" e "a velocidade com a qual as geleiras tropicais estão derretendo multiplica por dez a taxa média mundial".
Apesar do panorama complexo, o relatório da OMM menciona avanços em energias renováveis: 69% da eletricidade é gerada com essas fontes e a capacidade instalada em energia solar e eólica crescer 30 em relação a 2023.
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