Para sobrevivente de Auschwitz, as guerras 'fazem perdurar o Holocausto'
As guerras, assim como as manifestações antijudaicas, "fazem perdurar o Holocausto", declarou neste sábado (27), no Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau, uma sobrevivente desse campo de extermínio nazista, Halina Birenbaum.
"Estive na libertação e [depois] vivi uma vida longa durante as guerras que se seguiram", afirmou Birenbaum, de 94 anos, prisioneira em Auschwitz de 1943 até a libertação do campo pelo Exército Vermelho em 1945.
A mulher falava sob uma tenda montada no antigo barracão para mulheres onde viveu durante seu cativeiro, em uma cerimônia pelo Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, que recorda a chegada das tropas soviéticas.
"Sinto dolorosamente os sofrimentos e as tragédias das guerras atuais, dos povos de hoje", acrescentou, mencionando "o ataque russo, bárbaro e prolongado contra a Ucrânia [...], os bárbaros ataques terroristas do Hamas e a guerra em toda parte".
Também lamentou o recrudescimento das ações antijudaicas e anti-israelenses em todo o mundo.
"Para mim, isso faz perdurar o Holocausto", declarou Birenbaum na cerimônia, ao lado de outras vinte sobreviventes.
O diretor do Museu de Auschwitz-Birkenau, Piotr Cywinski, falou de "um dos aniversários [da libertação do campo] mais difíceis" da história.
Ele mencionou a invasão russa à Ucrânia, afirmando que "agora, os libertadores atacam os outros, violam, matam", enquanto "em Israel [...] não se vislumbra a paz em nenhum horizonte".
A incursão de combatentes islamistas a partir de Gaza, em 7 de outubro, resultou na morte de 1.140 pessoas no sul de Israel, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais israelenses.
Israel lançou uma ofensiva avassaladora em retaliação com o objetivo de "aniquilar" o Hamas, no poder em Gaza, que até o momento causou mais de 26.200 mortes, principalmente de mulheres, crianças e adolescentes, de acordo com dados do Ministério da Saúde do território palestino.
No campo de Auschwitz-Birkenau, construído na Polônia sob ocupação da Alemanha nazista, foram assassinados um milhão dos seis milhões de judeus europeus mortos entre 1940 e 1945 pelo regime hitleriano.
Lá também morreram 80.000 poloneses não judeus, 25.000 ciganos e 25.000 soldados soviéticos capturados durante a guerra, antes de sua libertação em 27 de janeiro de 1945.
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