Vítimas de bombardeios israelenses sobrecarregam hospitais de Gaza
Na Faixa de Gaza, bombardeada por Israel após a ofensiva de sábado do Hamas, o hospital Al-Shifa está lotado de feridos. Famílias inteiras não param de chegar e sobrecarregam as equipes. Autoridades alertam que a situação é catastrófica.
Akram Al-Haddad, de 25 anos, está ao lado do leito de seu sobrinho de 1 ano, ferido em um bombardeio que matou seu irmão de 4 anos e outras 16 pessoas.
O bebê e seus pais ficaram feridos no ataque, que destruiu a casa da família, no sudeste de Gaza, conta Akram. A criança "precisa de uma cirurgia urgente, devido a um ferimento na cabeça", informa um médico, mas não há vaga no centro cirúrgico.
"Trabalhamos em circunstâncias excepcionais e temos que garantir um fornecimento de energia contínuo e a disponibilidade do material necessário antes de realizar qualquer cirurgia", explica o médico, que pediu para ser identificado como Abdallah.
Segundo um balanço provisório, 765 pessoas morreram e 4 mil ficaram feridas no lado palestino desde o último sábado, de acordo com autoridades locais.
No hospital, alguns morrem antes de serem atendidos, lamenta Abdallah. “Tratamos muitos feridos, a maioria mulheres e crianças que chegam ao mesmo tempo", descreve o médico Mohammad Ghoneim, que é interrompido pela chegada de mais feridos: três mulheres, duas crianças, um idoso e dois jovens.
“A capacidade limitada agrava o número de vítimas”, ressalta o médico, que lamenta a falta de material, energia elétrica, água e oxigênio. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou ontem um "bloqueio completo" à Faixa de Gaza: "Nem eletricidade, nem comida, nem água."
- Sem ter para onde ir -
Um Rama al-Hassasna está rodeada em um leito por seus quatro filhos, de 3 a 6 anos, todos feridos em um bombardeio que atingiu uma casa no norte de Gaza. “Fomos trazidos para cá, esperamos ser tratados”, diz.
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza alertou que a falta de material médico levará a uma catástrofe no território palestino, habitado por 2,3 milhões de pessoas. Oito hospitais “não são suficientes para responder às necessidades dos cidadãos”, ressaltou.
Os bombardeios de Israel danificaram o hospital Beit Hanoun, no norte, e o serviço de medicina neonatal do hospital Al-Shifa.
Salameh Maarouf, diretor da assessoria de imprensa do governo dirigido pelo Hamas, lamentou que, “levando em conta o grande número de feridos”, Gaza necessite “de medicamentos, material médico, scanners e aparelhos de radiografia.
Maarouf acusou “a ocupação israelense" de criar "deliberadamente uma situação humanitária miserável, por meio de restrições ou agressões".
Muitas famílias que ficaram desabrigadas encontraram refúgio nos corredores do hospital Al-Shifa e em seus jardins. Após serem atendidas, não têm para onde ir.
“Minha casa foi totalmente destruída, assim como todas aqui", diz Abu Ashour Sukayk, de 39 anos. "Foi uma noite sombria para mim, para a minha mulher e para as minhas crianças".
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