Confrontos e prisões em campi dos EUA por protestos pró-Palestina
A polícia foi enviada a vários campi dos EUA nesta quarta-feira (1º), depois de intervir durante a noite em Los Angeles e Nova York, principais cenários de protestos estudantis contra a intervenção de Israel na Faixa de Gaza.
Cerca de 300 pessoas foram presas em Nova York na Universidade de Columbia e no City College, disse o prefeito Eric Adams nesta quarta-feira (1).
Durante a noite, a polícia retirou à força manifestantes pró-palestinos que ocupavam um prédio na Universidade de Columbia, onde começou a mobilização estudantil em apoio a Gaza. As barracas montadas no gramado do campus foram removidas.
"Eles detiveram pessoas aleatoriamente (...) vários estudantes ficaram feridos a ponto de terem de ser hospitalizados", denunciou uma coalizão de grupos de estudantes pró-palestinos da Columbia em uma publicação no Instagram.
"Lamento que a situação tenha chegado a esse ponto", disse a reitora da Columbia, Minouche Shafik, nesta quarta-feira. Os manifestantes estão lutando "por uma causa importante", mas os recentes "atos de destruição" por "estudantes e ativistas externos" a levaram a recorrer à polícia, disse ela, condenando "comentários antissemitas" feitos durante as manifestações.
Pela manhã, um novo acampamento foi montado no campus da Fordham University, em Nova York, de acordo com um jornal da universidade e imagens publicadas nas redes sociais.
Outros foram desmontados no início desta quarta-feira nos campi da Universidade do Arizona em Tucson e da Universidade de Wisconsin-Madison, no sudoeste e no norte do país, respectivamente, de acordo com a mídia local.
- Confrontos -
Nas últimas duas semanas, as manifestações em apoio aos palestinos em Gaza têm se multiplicado nos Estados Unidos, da Califórnia às principais universidades do Nordeste, lembrando as manifestações contra a Guerra do Vietnã.
Os estudantes estão pedindo que as instituições cortem os laços com patronos e empresas ligadas a Israel e denunciem o apoio de Washington ao seu aliado.
Após a noite de confrontos e prisões, a Casa Branca se referiu à "pequena porcentagem de estudantes que causaram desordem".
"Os estudantes têm o direito de ir às aulas e de se sentirem seguros", disse a porta-voz do Executivo Karine Jean-Pierre. "Continuaremos insistindo que o antissemitismo deve ser denunciado", acrescentou.
Ela disse que a guerra em Gaza é um "momento doloroso" e que "os americanos têm o direito de se manifestar pacificamente".
No campus da UCLA, em Los Angeles, houve confrontos durante a noite, quando um grande grupo de contra-manifestantes, muitos com os rostos cobertos, atacou um acampamento pró-palestino montado no local, de acordo com um fotógrafo da AFP.
Os agressores tentaram derrubar uma barricada improvisada ao redor do acampamento, composta por barreiras de metal e painéis de madeira. Os lados então entraram em confronto com paus e objetos contundentes.
Na manhã desta quarta-feira, a calma havia retornado, mas dezenas de carros de polícia ainda estavam presentes. Todas as aulas foram suspensas durante o dia.
"Onde estavam as autoridades?", perguntou à AFP Mark Torre, um estudante de 22 anos que não estava envolvido nos confrontos.
O reitor da universidade, Gene D. Block, havia alertado sobre a presença de pessoas de fora no campus antes dos atos de viência.
No domingo, ativistas pró-palestinos e pró-Israel, apoiados por um grande número de manifestantes de fora da universidade, se envolveram em brigas, empurrões e insultos. "Esses incidentes causaram profunda ansiedade e medo, especialmente entre nossos alunos judeus", disse o reitor.
- A seis meses da eleição -
A Brown University acordou com os estudantes em remover o acampamento em troca da realização de uma votação sobre o "desinvestimento" em Israel, uma concessão importante para uma universidade de elite dos EUA.
Mas em outras, incluindo a Universidade da Carolina do Norte, a Cal Poly Humboldt da Califórnia e a Universidade do Texas em Austin, a polícia interveio para interromper os protestos e prender vários manifestantes, com centenas de prisões feitas em todo o país.
De acordo com uma contagem da AFP, a polícia efetuou prisões em pelo menos 30 campi desde 17 de abril.
As imagens da intervenção da polícia de choque nos campi rodaram o mundo e estão provocando ondas de choque na política, seis meses antes das eleições presidenciais em um país polarizado.
Os organizadores dos protestos negam as acusações de antissemitismo, defendendo, em vez disso, que suas ações têm como alvo o governo de Israel e sua forma de lidar com o conflito em Gaza.
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