Kamala e Trump cortejam eleitores latinos a cinco dias das eleições
Donald Trump encheu os latinos de elogios nesta quinta-feira (31), e Kamala Harris os corteja com a ajuda de Jennifer Lopez, Maná e dos Tigres del Norte, mas advertiu que o importante "não é apenas o que diz" seu adversário republicano, e sim o que fará.
“Faltam cinco dias para uma das eleições mais transcendentais da nossa vida", disse a vice-presidente democrata durante um comício em Phoenix, Arizona, no qual se apresentaram os Tigres del Norte, um grupo muito popular entre os mexicanos.
Kamala ressaltou que Trump transmite uma mensagem "cheia de ódio e divisão". “Insulta os latinos, e não é apenas o que ele diz, é o que fará. Se for eleito, podem ter certeza de que voltará a implementar as políticas de separação familiar, porém em uma escala muito maior do que da última vez.”
A democrata referiu-se à política de “tolerância zero” aplicada por Trump de 2017 a janeiro de 2021, por meio da qual milhares de crianças foram separadas de suas famílias para desencorajar a chegada em massa de imigrantes sem visto pela fronteira com o México.
Kamala participará ainda hoje de um comício em Nevada, que terá uma apresentação da banda mexicana Maná e um discurso da diva pop Jennifer Lopez.
Trump também tentou conquistar os eleitores latinos, mas com elogios. "Amo os hispânicos. São muito trabalhadores e empreendedores, e são grandes pessoas. E são carinhosos, às vezes carinhosos demais para dizer a verdade", disse no Novo México, estado que, segundo as pesquisas, vai votar em Kamala.
Mas o discurso do republicano se centrou, como de costume, em sua retórica anti-imigração. "Os imigrantes ilegais que chegam a este país matam gente todos os dias" e "estão desatando uma violenta onda de assassinatos por todos os Estados Unidos", afirmou, sem apresentar provas de suas declarações.
Ele não disse nada sobre a última polêmica de sua campanha, quando disse que irá proteger as mulheres "quer elas gostem, ou não".
Segundo as pesquisas, há um racha eleitoral entre mulheres e homens. Elas apoiam a democrata, enquanto eles se inclinam pelo republicano. Por isso, Kamala, engajada na defesa do direito ao aborto, disse que considerou "muito ofensivas" as declarações de Trump.
- Polêmicas -
A poucos dias das eleições, as polêmicas se sucedem. Trump subiu ontem em um caminhão de lixo e fez um comício com um colete laranja e amarelo fluorescente para protestar contra o presidente Joe Biden por ter chamado seus apoiadores de "lixo".
Fez isso para tirar vantagem de um deslize, mas Kamala se desvinculou do comentário e Biden disse que se referia à "retórica odiosa" de um humorista pró-Trump que afirmou em um comício que Porto Rico é como "uma ilha flutuante de lixo".
O comentário sobre Porto Rico foi fatal para os porto-riquenhos, que não podem votar na ilha, e sim nos estados continentais. E segue dando o que falar. O artista Nicky Jam retirou seu apoio a Trump.
A equipe de campanha de Kamala colocou no ar um novo anúncio em espanhol sobre a piada ofensiva. Uma voz em 'off' diz: "Em 5 de novembro, Trump descobrirá que o lixo de uma pessoa é o tesouro de outra".
- Em busca do voto latino -
Mais de 60 milhões de americanos já votaram antecipadamente nestas eleições, nas quais cada voto conta. Os latinos costumam votar nos democratas, mas, nos últimos anos, os republicanos encurtaram sua vantagem.
A ex-procuradora tenta reverter a tendência, sobretudo nos sete estados-pêndulo, que, segundo as pesquisas, decidirão quem será o presidente. Kamala se gaba de entender os latinos melhor do que ninguém porque é filha de imigrantes e, ao contrário do magnata, não cresceu cercada de riqueza.
Sua equipe de campanha multiplicou os anúncios em todos os tipos de mídia em espanhol, inglês e em uma mistura dos dois idiomas, conhecida como 'spanglish', para chegar até eles. Em um dos mais recentes, recorreu à cúmbia para pedir que os eleitores evitem cair "na armadilha" de votar no "trompas" (bocão) e dizer que "Kamala é boa gente".
À medida que se aproximam as eleições, aumenta a preocupação com uma possível impugnação dos resultados, até mesmo uma explosão de violência, se Trump for derrotado. O ex-presidente nunca reconheceu sua derrota em 2020 e já começou a falar de "trapaças" na Pensilvânia, um dos estados mais disputados, no nordeste do país.
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