Boeing registra perdas de US$ 6,2 bilhões e espera final da greve
A fabricante americana de aeronaves Boeing reportou, nesta quarta-feira (23), perdas trimestrais de quase 6,2 bilhões de dólares (35,33 bilhões de reais, na cotação atual) no terceiro trimestre do ano, devido a uma greve de quase seis semanas que afetou sua divisão de aviões comerciais, e a problemas em seus negócios de defesa e aeroespacial.
A cifra superou as estimativas dos analistas para o período, que esperavam um déficit de US$ 6,12 bilhões (R$ 34,86 bilhões). O valor final foi de US$ 6,17 bilhões (R$ 34,15 bilhões).
A gigante da aviação, que tem estado sob escrutínio dos reguladores devido a problemas de segurança, registrou uma queda de 1% em sua receita, totalizando US$ 17,8 bilhões (R$ 101,41 bilhões) no trimestre.
A direção da empresa aguarda nesta quarta-feira a votação dos funcionários de suas fábricas em Seattle, que vão decidir se aceitam o último acordo trabalhista negociado com o sindicato para, assim, encerrar a greve.
O mercado já esperava resultados negativos desde que, em 11 de outubro, o novo CEO, Kelly Ortberg, anunciou um corte de 10% no quadro de funcionários da companhia.
Somente as divisões de defesa e aeroespacial registraram perdas de US$ 2 bilhões (R$ 11,39 bilhões) no trimestre, principalmente devido ao avião de reabastecimento KC-46A Pegasus da Força Aérea, que já havia gerado problemas em trimestres anteriores.
Além disso, os problemas com os modelos 777X e 767, junto com a greve em curso do sindicato de maquinistas IAM, geraram um impacto financeiro adicional de US$ 3 bilhões (R$ 17,08 bilhões).
As ações da Boeing caíam cerca de 2,6% ao meio-dia desta quarta-feira em Wall Street.
- Greve e votação -
Cerca de 33 mil trabalhadores do IAM no noroeste dos Estados Unidos entraram em greve em 13 de setembro.
A votação do novo acordo por parte dos trabalhadores deve ser "apertada", afirmou o titular do sindicato na terça-feira. Os resultados, que podem pôr fim à greve, serão conhecidos na noite desta quarta.
Ortberg disse em uma mensagem aos funcionários que um novo rumo exigirá uma "mudança cultural fundamental", assim como medidas para estabilizar as finanças, melhorar as operações e criar uma visão de futuro para a empresa.
"Vai levar tempo para devolver à Boeing seu antigo legado, mas com o foco e a cultura adequados, podemos voltar a ser uma empresa icônica e líder", declarou Ortberg em um comunicado.
O executivo se reunirá com analistas de Wall Street nesta quarta-feira em sua primeira conferência por telefone desde que entrou para a empresa no início de agosto.
Em entrevista à CNBC, ele garantiu que os cortes de pessoal não estão relacionados com a greve, mas que são necessários porque a empresa atualmente tem mais funcionários do que o necessário para seus negócios.
Antes da greve, a Boeing já havia começado a produzir menos aeronaves para garantir mais atenção aos protocolos de segurança, após um painel da fuselagem de um 737 MAX da Alaska Airlines se desprender durante um voo, em janeiro, forçando um pouso de emergência.
O incidente ocorreu anos após dois acidentes fatais com o mesmo modelo em 2018 e 2019, que resultaram em 346 mortes. A Boeing, assim, está sob forte pressão das autoridades da aviação.
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