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Stephen Richer, supervisor eleitoral do Arizona, na 'primeira fila' contra desinformação e assédio
Stephen Richer, supervisor eleitoral do Arizona, na 'primeira fila' contra desinformação e assédio / foto: Patrick T. Fallon - AFP

Stephen Richer, supervisor eleitoral do Arizona, na 'primeira fila' contra desinformação e assédio

Quando fez campanha pela primeira vez para trabalhar nas eleições no maior condado do Arizona, Stephen Richer nunca imaginou que receberia ameaças de morte simplesmente por corrigir informações erradas sobre o pleito.

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"Tudo isso está além do que eu esperava", disse o supervisor eleitoral republicano em uma entrevista à AFP no centro de votação de alta segurança do condado de Maricopa, em Phoenix, Arizona.

"Acredito que três pessoas foram presas por coisas que me disseram. Tivemos policiais na porta de nossa casa. As pessoas se aproximam de você durante um evento e começam a cuspir e empurrar", relatou.

Agora, antes da disputa presidencial entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump, em 5 de novembro, Richer se prepara para outra avalanche de desinformação e situações de assédio.

Ele até tomou a decisão extraordinária de processar Kari Lake, uma candidata ao Senado dos EUA que repetidamente o acusou de ter administrado mal a corrida para o cargo de governador em 2022, na qual acabou derrotada.

O estado-chave do Arizona foi um dos vários que se tornaram alvo de teorias conspiratórias infundadas sobre fraude generalizada e manipulação de votos após as eleições de 2020 e 2022.

"Ficamos sem opções", disse Richer, que acrescentou: "Não gosto de assediadores. Não tenho por que ficar de braços cruzados".

- "Assento na primeira fila" -

Desde que assumiu o cargo em 2021, este funcionário eleitoral se transformou de um servidor público discreto em uma figura nacional ao usar suas contas nas redes sociais e aparições na mídia para desmentir uma infinidade de alegações que questionam a vitória do presidente Joe Biden sobre o republicano Donald Trump em 2020 no Arizona, um estado historicamente conservador.

Richer, de 38 anos, se descreve como um "conservador de toda a vida". Antes de ser escolhido como supervisor eleitoral do condado de Maricopa - o responsável pela supervisão das listas de eleitores e pela votação antecipada -, trabalhou em grupos de tendência direitista como o American Enterprise Institute e a Federalist Society.

Mas o firme repúdio de Richer às mentiras eleitorais o colocou em desacordo com republicanos como Trump e Lake, que repetiram graves acusações de fraude e pressionaram os funcionários do Arizona para que anulassem os resultados no estado.

"Tenho a oportunidade de ter um assento na primeira fila desta conversa tão importante. Mas tem alguns dias em que eu preferiria estar nas arquibancadas", expressou Richer.

A candidata Kari Lake, ex-apresentadora de notícias de televisão, entrou com várias ações após ser derrotada pela democrata Katie Hobbs, nenhuma das quais prosperou nos tribunais. Richer processou Lake depois que ele e a Junta de Supervisores do Condado de Maricopa, que controla as urnas no dia das eleições, foram acusados de injetar 300.000 cédulas de votação falsas nos registros.

Em março, Lake se recusou a sustentar essas declarações, praticamente garantindo a vitória de Richer no processo por difamação.

O funcionário eleitoral considerou a ação judicial como "uma espécie de último recurso", inspirada em parte pelos casos de difamação relacionados às eleições de 2020, incluindo os quase 800 milhões de dólares que a Fox News concordou em pagar à Dominion Voting Systems em abril de 2023 (cerca de R$ 4 bilhões na cotação da época), depois de fazer afirmações falsas sobre a empresa de software de registro de votos.

"Entrar com uma ação judicial não é divertido. Mas, como vamos parar isso de outra forma?", questionou.

- Pressão perigosa -

Biden ganhou o Arizona por cerca de 10.000 votos, o que desencadeou uma série de recontagens que confirmaram sua vitória, incluindo uma revisão partidária ordenada pelo Senado estadual, controlado pelos republicanos.

A auditoria de 2021 no condado de Maricopa, que tem 2,4 milhões de eleitores registrados, realizada pela agora extinta empresa Cyber Ninjas, gerou a teoria da conspiração mais absurda com a qual Richer se deparou.

"Houve um incêndio em uma fazenda de um dos supervisores. E por isso, a acusação é que trituramos cédulas das eleições de 2020 e depois as demos para as galinhas, e depois queimamos 80.000 galinhas para ocultar as evidências", explicou.

Embora Richer e checadores de fatos independentes tenham desmentido as alegações, elas continuaram ganhando força.

Um homem do estado de Iowa foi condenado à prisão por ameaçar de morte o supervisor Clint Hickman.

Richer também continuou sofrendo ameaças, incluindo algumas direcionadas à sua esposa, e uma líder republicana local chegou a dizer em um vídeo que o "lincharia".

Isso evidencia o nível de tensão e cuidado que envolve a votação neste estado-chave para as eleições de novembro, resultando no reforço das medidas de controle e segurança nos centros de votação locais.

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