The Hong Kong Telegraph - 'Vontade de rir' segue intacta dez anos após o atentado jihadista ao Charlie Hebdo

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'Vontade de rir' segue intacta dez anos após o atentado jihadista ao Charlie Hebdo
'Vontade de rir' segue intacta dez anos após o atentado jihadista ao Charlie Hebdo / foto: Martin Lelievre - AFP

'Vontade de rir' segue intacta dez anos após o atentado jihadista ao Charlie Hebdo

Dez anos após o ataque jihadista que devastou sua redação, a revista satírica francesa Charlie Hebdo publicou nesta terça-feira (6) um número especial com charges sobre Deus, para reafirmar que sua vontade de rir "nunca desaparecerá".

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Quase quarenta charges de 28 países aparecem nesta edição de 32 páginas, para demonstrar que o estado de espírito dos seus criadores é "inabalável!"

A capa mostra um leitor sentado sobre uma espingarda, sorrindo e lendo a revista, à qual a AFP teve acesso antecipado. O autor da charge é Riss, atual diretor e um dos sobreviventes da redação.

"A sátira tem uma virtude que nos ajudou a superar estes anos trágicos: o otimismo. Se alguém quer rir é porque quer viver. O riso, a ironia e a charge são manifestações de otimismo. Não importa o que aconteça, seja trágico ou feliz, a vontade de rir nunca vai desaparecer", destaca Riss no editorial.

Em 7 de janeiro de 2015, doze pessoas, incluindo oito membros da redação, perderam a vida no ataque ao semanário perpetrado pelos irmãos Kouachi, franceses de origem argelina que juraram lealdade ao Al-Qaeda. Entre as vítimas estavam o chargista Charb, além de duas lendas da charge na França, Cabu e Wolinski.

Charlie Hebdo, revista irreverente e de espírito anarquista fundada em 1970, com um público fiel mas pequeno, tornou-se um dos símbolos globais da liberdade de expressão após a tragédia.

A revista assumiu decisivamente essa bandeira e tornou-se mais do que nunca um órgão de imprensa, com longos artigos que comentam a atualidade.

O Charlie Hebdo, cujos editores estão agora sob medidas de segurança extraordinárias, tem sido alvo de ameaças jihadistas desde a publicação de charges do profeta Maomé em 2006. Embora sua sede seja agora secreta, a revista continua a publicar milhares de exemplares todas as semanas.

Nesta segunda-feira, inicia em Paris o julgamento contra um homem que em setembro de 2020 atacou duas pessoas com um facão na porta da antiga sede da revista.

O agressor pensou equivocadamente que essas pessoas trabalhavam no Charlie Hebdo. Cinco outras pessoas também serão julgadas, todas da mesma região rural do Paquistão.

- "O controle de todas as religiões" -

Em novembro de 2024, os criadores da revista anunciaram um concurso internacional com o tema #rirdeDeus, convidando seus colegas de todo o mundo a "expressar sua raiva contra o controle de todas as religiões sobre suas liberdades".

Entre as charges, uma de Jesus Cristo crucificado tirando uma selfie, outra com homens barbudos e turbantes segurando uma placa que diz "teocracia é legal".

O Charlie Hebdo publica também os resultados de uma pesquisa realizada em junho de 2024 que mostra que 76% dos franceses consideram que "a liberdade de expressão é um direito fundamental e que a liberdade de criar charges faz parte dele".

Além disso, 62% dos entrevistados são a favor do "direito de criticar de forma provocativa uma crença, símbolo ou dogma religioso". Porém, 62% dos entrevistados acreditam que "não dá para rir de tudo".

Os ataques de 7 de janeiro de 2015 comoveram o mundo e deram origem a um slogan de apoio que ficou famoso: "Je suis Charlie".

No dia 11 de janeiro, quase 4 milhões de pessoas se manifestaram em toda a França, com a participação de muitos chefes de Estado e de Governo no desfile de Paris.

Dez anos depois, as comemorações organizadas nesta terça-feira contarão com a presença do presidente Emmanuel Macron e de vários ministros.

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